No Dia Mundial da Arte

Fernando Pessoa disse que “A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são.”. Bruno Zevi afirmou que “A arquitetura é a arte do espaço”. Nadir Afonso acrescenta que “Então, dá-se este fenómeno estranho que nunca foi pressentido pelos estetas: o criador procura a perfeição”.

Resumindo e utilizando a escrita de Margaret Imbroisi e Simone Martins. “A arte está ligada à estética, porque é considerada uma faculdade ou ato pelo qual, trabalhando uma matéria, a imagem ou o som, o homem cria beleza ao se esforçar por dar expressão ao mundo material ou imaterial que o inspira”.

A arte na decoração, ou a decoração com arte, como entender o espaço, onde começa e onde acaba a arte e o artístico nos interiores são perguntas que mesmo sem saber muitos fazem. Que diferença existe, onde começa o sentido artístico, onde acaba o apontamento na cómoda da entrada e se começa a agregar o valor do belo. Os imóveis, mais ou menos de sonho, que todos os dias são transacionados, são ocupados por exércitos de sonhadores que querem que tudo seja o melhor e o mais belo, onde exista arte, no seu espaço. Qual o caminho para obter este resultado ?

"Neste dia mundial da arte (...) preferimos falar um pouco sobre como a escolha de quem faz esta magia pode impactar esta procura (...)"

Neste dia mundial da arte, em vez de temas mais ou menos óbvios como peças de arte na habitação ou decoração versos arquitetura, preferimos falar um pouco sobre, como a escolha de quem faz esta magia pode impactar esta procura, de forma a que as escolhas feitas possam ir além de uma boa gestão de orçamento.

Vivemos numa época de grande diversidade e escolha.

Em Portugal formação superior nestas áreas são a Arquitetura de Interiores ou Design de Interiores. A decoração, como formação, é pontual e normalmente de curta duração. Fruto desta realidade histórica, em Portugal, a profissão de Decorador não tem a mesma definição que tem noutros países da Europa. Assim, quando se pretende um trabalho completo, desde o projeto até à obra, incluindo toda a escolha de equipamento, será sempre um Designer ou Arquiteto de Interiores a executar a tarefa.

Normalmente o Decorador está mais direcionado para fazer trabalhos finais com o espaço já acabado e o seu trabalho é feito sobre os móveis, iluminação decorativa e tecidos como cortinados, colchas, almofadas e tapetes.

"O Designer ou Arquiteto de Interiores trabalha desde o projeto depois na obra, até ao produto final, podendo desenhar inclusive alguns tipos de acabamentos pensados à medida (...)"

O Designer ou Arquiteto de Interiores trabalha desde o projeto depois na obra, até ao produto final, podendo desenhar inclusive alguns tipos de acabamentos pensados à medida para determinado projeto e personalizando detalhes especificamente para o seu cliente. Como é obvio, dentro deste grupo de profissionais existem várias formas de trabalhar e existem duas grandes linhas condutoras.

Em primeiro lugar está o caminho mais técnico e funcional orientado para responder aos desafios logísticos e prático, de forma a garantir a boa vivência do dia a dia.

Em segundo lugar está um trabalho elaborado, moroso e artístico orientado para escolhas estéticas alinhadas com conceitos desenvolvidos para servirem o espaço e o cliente transmitindo uma atmosfera específica proporcionada por uma escolha que resulta de uma vasta pesquisa e pensamento alinhados com as épocas da história de arte e os princípios da criação artística. Aqui entra a arte.

Não são os apontamentos de decorador e não é o trabalho arquitetónico ou de design mais funcional, mas sim a incorporação de um sentido estético global e pensado para cada espaço e para cada habitante que introduz a arte na habitação.

Rita Mongiardim